O que você vê e como você vê, é você que escolhe
Se você foi muito cobrado na sua vida, a tendência é você também cobrar. Isso acontece porque se entende que o outro tem que ser cobrado. Não que seja o melhor caminho ou a melhor forma, mas “por que o outro não vai passar se eu passei por isso”?
Nesse caso, é criada uma raiva daqueles que tiveram mais facilidades na vida. Essa raiva fica escondida, justificando que o outro está tendo facilidades e, por não sofrer a mesma coisa, é considerado não merecedor de ter tudo aquilo. Portanto, ocorre uma rejeição desse outro por conta disso. Você se torna punitivo, castrador.
O ponto é que isso não ocorre por causa de maldade, mas sim porque você se sente injustiçado. Por não pensar sobre isso, as sensações são reproduzidas por quem sente dessa forma. Você já sentiu a injustiça por um longo período quando era negado a você recursos muito simples, simplesmente recebendo um “não” que é desnecessário. Você não conseguia compreender o porquê não podia fazer ou ter determinadas coisas.
Essa sensação de injustiça precisa ser resolvida de alguma forma. E como geralmente você faz para isso ser “resolvido”? Aceitando que isso foi bom. “Foi ótimo porque me tornei uma pessoa mais proativa, mais responsável e mais forte.”. Mas, se você realmente tivesse integrado essa força e proatividade, você não sentiria raiva daqueles que não estão passando por aquilo que você passou. Então, na verdade, isso não está bem resolvido internamente.
O que não está bem resolvido se torna agressividade, raiva, violência e punição. Vai ser preciso ir para o extremo da injustiça através dos seus próprios atos para pensar o motivo de estar sendo dessa maneira. E assim, as memórias são revisitadas. É preciso ressignificar algo que foi significado de forma errônea.
O que é uma sensação desalinhada? É o que não gera compaixão, amor, bondade, disponibilidade pra ajudar.
É desafiador sustentarmos e até de fato compreendermos o que é compaixão. Se pudermos nos manter neste estado, sentiremos coisas muito boas e edificantes. Os nossos pensamentos serão de ascensão e crescimento, as sensações serão mais sutis e, consequentemente, poderosas. Portanto, o nosso campo de facilidade vai ampliando.
Em um mundo de prova e expiação, precisamos escolher a vibração que queremos estar. É importante buscarmos o que é sentir amor, compaixão, nutrição, empatia, agir com o dharma e parar o ato de julgamento. Portanto, é uma responsabilidade nossa escolher o que queremos sentir!
Temos uma sensação de que achamos que não temos controle do que sentimos. Os surtos acontecem porque ultrapassamos o limite da dor. Muitas vezes, inclusive, criamos a dor.
Ensaiamos a dor desde muito cedo em nossas vidas e acreditamos que é algo positivo porque, na nossa cabeça, a dor está conectada com maturidade. Qual é a sensação do adolescente? De maturidade. Sofrer parecia algo bom perante os familiares e amigos. “Se eu sofro, grito e brigo, os meus pais me dão atenção. Basta ser insatisfeito e consigo o que quero.”. Ensaiamos esse jogo de controle. E, por tanto usar esse mecanismo de atuação, esquecemos que isso foi criado e sustentado por nós. Passando do limite, realmente começamos a sofrer, ultrapassando o limite da dor, o que pode levar para o surto.
Ultrapassar o limite da dor é dar um poder para a mente nos convencendo daquela verdade. Quando realmente acreditamos e a mente se apropria disso, se torna muito difícil resolver porque validamos essa distorção. Ficamos mantrando: “como a vida é dura; estou cansado; nossa, aquela pessoa não muda nunca.”. Ao passar a ser uma verdade para você, o seu corpo manifesta verdadeiramente essa limitação, pois as nossas células nos ouvem o tempo inteiro.
Pode ser uma realidade material, pode ser um desequilíbrio psíquico emocional, pode ser desequilíbrio físico severo. Tudo isso foi afirmado e plasmado por você mesmo. Não nos damos conta dessa materialização que estamos fazendo a todo instante.
Ao percebermos a causa da doença e ouvirmos outros que estão neste lugar, pensamos: “opa, se eu continuar afirmando isso, vou chegar nesse resultado e não vou conseguir mais controlar.”.
Buscamos a Deus quando é um sofrimento real, e não quando criamos algo da nossa mente. O sofrimento real parte de ser algo que não tem solução, que não temos como atuar. Alguns exemplos: se alguém que você ama morreu, se o seu parceiro amoroso não quer ficar mais com você e você ainda o ama e não quer terminar.
Muitas vezes, você diz: “todos os relacionamentos são difíceis pra mim e não consigo me relacionar; deve ter um problema comigo, porque eu entro nos relacionamentos e sou rejeitada e abandonada”. Isso é uma condição real? Você está afirmando uma condição morfológica. Está escolhendo um dos padrões que estão dentro dos campos morfogenéticos, morfológicos. Dentro dos campos que fazemos parte, podemos escolher padrões de sucesso ou fracasso. Também possuímos padrões de sucesso dentro do nosso campo! Por que você escolhe os padrões de fracasso? Por que você escolhe o sofrimento e a escassez?
E como você escolhe? Validando, afirmando, aceitando esses valores, dizendo que aquilo que viveu é uma realidade e que, portanto, é assim que funciona.
Temos a capacidade de escolher um pensamento, mudando totalmente o curso da nossa história. Quais são os pensamentos que você está tendo que lhe jogam nos seus padrões?
Quando fiz trabalhos no hospital de psiquiatria, ouvindo e conversando com as pessoas, muitas vezes vi que elas mesmas criaram os seus surtos. Há tendências sim, mas não são todos os familiares que surtaram! Por que alguns reproduzem e outros não? Porque fazemos uma escolha! Temos 30% de chance para reproduzir e 70% para não. Se duas pessoas nascem na mesma família, por que uma vira sucesso e a outra vira fracasso?
Qual é a condição que você está dando?
O mundo está cheio de pessoas com diversos níveis de superação, mas não focamos o olhar nisso.
O que Jesus diz? Quais são os olhos que estão vendo? E estes olhos estão vendo o que? Os olhos que veem, são os olhos que escolhem. O que você vê e como você vê, é você que escolhe! Temos tudo em Kali Yoga!
Sempre que vamos subir o patamar na ascensão e há uma resistência em um primeiro momento.
“Meu Deus, o planeta vai acabar. São muitas mortes!”. Mas, você também pode olhar o outro lado: “Caramba, como tem pessoas boas e solidárias. Olha tudo o que já foi arrecadado. Olha a mobilização que fizeram para ajudar as pessoas e animais, para reconstruir a cidade.”. As duas realidades estão ali e estão acontecendo, mas a maioria das vezes temos o olhar para o negativo, denso e constatações de derrota. E é o nosso olhar que determina o que vamos reproduzir dos campos morfológicos e morfogenéticos!
Como olho, como sinto, o que penso, o que faço – tudo isso é o que vai gerar a minha realidade.
A nossa saúde depende do nosso querer! Precisamos fazer uma escolha e ter uma ação, substituindo o sentimento e pensamento. Pare as ações que você sabe que estão distorcidas e substitua por novas.
Observe amigos, familiares, pessoas ao redor e veja os resultados deles. Faça a mudança que só você pode fazer por você mesmo.
Amar não é para o outro, nutrir não é para o outro, ser justo e ter ações corretas não é para o outro – é para você mesmo! Sabemos que deixamos pegadas boas e, através do nosso exemplo, inspiramos. Mas, o nosso principal objetivo deve ser se melhorar! Ao nos melhorarmos, já fazemos muito mais do que qualquer outra ação que devemos ter. Não precisamos que o externo nos ache incrível querendo mostrar o que fazemos aos outros, pois devemos fazer pela nossa própria consciência por um querer real. É sobre fazer a nossa parte silenciosamente sem querer nada em troca!
Reflita sobre isso!
-Noemi Badialli