SOBRE VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE

a relação com o vício em sensações

 

Violência não é o ato de agredir alguém. Tem a ver com violar!

Por exemplo: uma criança que ainda não está pronta para aprender a ler e escrever e o adulto a obriga de forma violenta a chegar em um lugar no qual ainda não chegou. Através da intolerância do adulto, comete-se um ato de violência, seja através da cobrança ou da punição.

Se você não tem tolerância com o processo do outro, então há violência. Você pensa que repetiu muitas vezes e a pessoa não aprendeu, diz que ela não tem jeito, que não aprende porque não quer. A partir daí, você começa a punir e falar mal. Cada pessoa tem um nível diferente de desenvolvimento, maturidade, QI.

A nossa capacidade de raciocinar e perceber é totalmente diferente da do outro!

Como terapeutas de Cura Energética, é fundamental perceber isso e ver qual é o lugar do outro de velocidade de raciocínio. Se for diferente da sua, está tudo bem. Existe muitas pessoas no planeta com formas diferentes de se comunicar e entender!

O ato da não violência é usarmos uma fala, um pensamento e emoções não violentos, projetando a compaixão. Através da empatia isso pode ser feito, de maneira a se colocar no lugar do outro. É necessário adquirir compaixão e uma vontade genuína de ajudar, independente se o outro vai aproveitar esse auxílio ou não. Automaticamente saímos da terceira dimensão no momento em que sustentamos a ação consciente.

 
E como é um ato violento?

Vou dar um exemplo. Primeiramente, você sente raiva do outro e logo após vem um pensamento: “que pessoa burra”. Em seguida, você fala ou tem uma ação real, podendo ser de exclusão ou de jogar algo ou de dizer “deixa assim, depois a gente vê” de uma maneira raivosa. Isso faz o outro se sentir mal, pois você não está tendo uma ação consciente.

A violência está em muitas coisas que fazemos no dia. Não percebemos essa forma violenta de querermos que o outro chegue em uma compreensão que chegamos.

O ponto é que temos uma memória curta! A mente nos dá motivos para nos irritarmos e não perdermos tempo com o outro. Esses motivos são criação da mente, pois o nosso processo não foi muito diferente quando passamos por ele. Mesmo se você já alcançou méritos de outros vidas e veio com facilidades nessa, não foi diferente de quando você começou a experienciar. Precisamos compreender isso, senão cometemos atos de violência constantemente!

A nossa irritabilidade nos leva para a agressividade, enquanto a nossa intolerância nos leva para a violência. Geramos vício em sentir essa química no corpo!

Violência é diferente de agressividade. Violência é uma forma de perceber, sentir, olhar, querer que o outo corresponda a algo, ou seja, não necessariamente você está sendo agressivo. Um exemplo é quando você diz para o seu filho: “senta bonitinho e assiste quietinho”. Isso é violento, mas não é agressivo. Você está exigindo que essa criança tenha um comportamento adulto, então, na verdade, você está impedindo a criança de viver a infância dela. Quando você começa a cobrar o seu parceiro para que ele faça algo que você gostaria que ele fizesse, pode haver uma violência por detrás. É como se fosse obrigar o outro a ir para um lugar que ele ainda não tem condições no agora.

É comum segurarmos a agressividade, mas não a violência. O budismo, por exemplo, tem várias práticas para a prática da não-violência, tendo a compreensão do momento do outro e respeitando completamente isso.

Podemos ter compaixão, empatia, mantrar, dedicar a pessoa, tentar ajudar, mas podemos escolher não nos relacionar com aquela pessoa. Nós sabemos que somos ainda pouco evoluídos e se ficamos próximo de alguém que está cheio de situações que desencadeiam em nós violência e agressividade, rapidamente densificamos e nos desconectamos da vibração mais sutil que ainda não conseguimos manter. Ao mesmo tempo, tudo isso é feito com um olhar amoroso com o nosso processo, uma identificação que ainda não conseguimos sustentar a tolerância e amorosidade.

É comum nos afastarmos para nos curarmos porque senão vamos fazer o mal para o outro e vamos gerar karmas. Porque uma palavra dita é uma flecha lançada e, na maioria das vezes, é irreversível, pois causamos dor e mágoa. Temos o dia do surto e estouro, isto é, naquele dia você sempre surta, você pega tudo o que vê e dá um motivo para surtar. Portanto, o problema é seu, e não do outro. Quando estamos surtando sempre achamos que temos razão, sendo que no momento em que passa você percebe que exagerou.

Devemos remover o olhar de manipulação e controle nesse mecanismo, a fim de que sintamos poder. A raiva é uma das forças que dá mais poder, pois você sente que sempre tem razão. “Chega, não vou aguentar mais isso, posso agora ser violento porque você agiu errado.”. O ideal é você se afastar e escolher não se relacionar, mas o fato é que não podemos ser agressivos e violentos com o outro.

Se usamos muito esse recurso para nos movermos para que tenhamos mais energia, organização, sensação de superioridade e poder, isso se torna um vício muito forte. Nesse momento de descarga química no corpo, você acha que tem direito de diminuir o outro, dizendo que o mesmo é limitado e fazendo piadas.

Não existe evolução se não tivermos um controle das nossas ações, mas não controlamos as nossas ações e pensamentos se não controlamos as nossas emoções. O disparo acontece em milésimos de segundos, sendo um disparo muito rápido entre o “sentir e reagir”.

Ao não controlarmos a nossa reatividade entre “sentir e reagir”, a consequência é esse caminho ficar cada vez mais fácil e forte.

Se você é uma pessoa que convive com alguém em intimidade e o outro desconta a raiva em você, você não irá gostar. Você não pensa que o outro só descarregou e deu uma liberada, e sim leva para o pessoal.

A violência acontece de várias maneiras, incluindo o ato de ignorar o outro como punição. Temos uma raiva contida e não é bom conter raiva.

 

O que fazer com a raiva quando ela surge?

Coloque-a em uso. Corra, vá praticar uma arte marcial, um exercício, uma faxina, faça uma planilha de trabalho, mas não desconte no outro. Você deve encontrar meios de descarregar a sua raiva para que não seja no próximo.

O vício da irritabilidade não é uma causa real. Por exemplo: irmãos brigam, mas a importância que você dá é sua. É a sua falta de tolerância, ou seja, o que gera o nervosismo é um desequilíbrio seu.

Se alguém, por exemplo, estiver na vítima, você simplesmente não se relaciona com essa pessoa. O que lhe faz se enredar com isso? Esse é o ponto.

Essas lições todas são importantes para termos consciência. Um dos resultados dessa consciência e prática é nos tornarmos mais respeitados, ouvidos, admirados e confiáveis para o outro.


– Noemi Badialli

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